Quanto mais se vender, teoricamente o ganho obtido será maior, torna-se estratégico para qualquer empresa o controle adequado de seus estoques, de forma a reduzir os custos gerados pela existência deles.
O ideal para as empresas seria
efetuar as aquisições de estoques somente para atender aos pedidos de seus
clientes e, assim, obter a redução dos custos envolvidos.
Infelizmente, a assim chamada
entrega just in time (a tempo) é muito
difícil de obter, pois depende quase exclusivamente do fornecedor, e haverá
situações em que este não cumprirá com o prazo estabelecido, afetando qualquer
planejamento prévio que tenha sido feito por sua empresa.
Portanto, caso não esteja bem
dimensionado seu volume de estoques, a empresa pode acabar por ficar sem
produtos para atender seus processos fabris e/ou seus clientes ou mesmo, por
outro lado, perder dinheiro com o encalhe desses estoques mal planejados.
É um sério risco, apesar de
existirem técnicas que ajudam muito num dimensionamento adequado.
Responsável pelo sucesso das
empreitadas militares desde os tempos antigos, a logística vem, modernamente,
sendo uma valiosa aliada das empresas. Ela tornou-se parte primordial das
relações comerciais globalizadas. Sua importância estratégica cresce a todo o
momento e pode ser sentida em toda sua força, no dia-a-dia das cidades.
Imagine o esforço e dinheiro que
são gastos diariamente no abastecimento da Grande São Paulo: Essa trabalheira
toda envolve, só na capital, 200.000 caminhões! Esse volume enorme de veículos
aumenta ainda mais o caótico trânsito da metrópole, e as entregas feitas por
eles geralmente atrasam devido ao grande volume de tráfego. Para reduzir esses
problemas, as empresas têm investido em tecnologia -- em especial em programas
de computador responsáveis por traçar e cronometrar os roteiros das cargas.
Como a logística tem por missão a
disponibilização nos seus respectivos locais de consumo, dos bens e serviços
corretos, entregues em tempo hábil e na condição que o cliente deseja ao menor
custo possível, é essencial entender que nenhuma empresa pode funcionar sem
executar atividades logísticas e, portanto, reduzir custos nestas atividades é
fundamental a fim de aumentar a competitividade do negócio.
Levando-se em conta que no custo
total da logística há três atividades denominadas primárias, que contribuem com
a maior parcela desse custo, os esforços para redução dos valores gastos e
otimização das atividades devem ocorrer preferencialmente nelas:
Custos
de transportes:
como não existem operações de empresas sem deslocamentos de materiais
(incluindo aí os produtos acabados) e pessoas, percebe-se não só a importância
desse custo, como também seu peso (de 1/3 a 2/3) no custo logístico total. Para
minimizar os gastos nesta atividade, é importante escolher o modal mais
adequado (por exemplo: rodoviário, ferroviário, aeroviário, hidroviário,
correio, couriers etc.), com a melhor relação custo x benefício, observando
sempre os tempos de deslocamento, os melhores roteiros e os volumes que serão
transportados;
Custos
de manutenção dos estoques, já comentados anteriormente neste artigo;
Custos
de processamento de pedidos: apesar de seu valor ser pequeno, quando comparado
com os custos anteriores, o processamento de pedidos é fundamental na questão
da qualidade e rapidez no atendimento aos clientes.
Portanto, ao administrarmos de
forma adequada nossos estoques e a logística empregada nos processos de compra
e venda, algumas das etapas mais importantes na gestão do negócio estarão
asseguradas.
Faça-se e responda as perguntas abaixo sobre os estoques:
1) Existe uma política de estoque formal na sua empresa?
2) Existem parâmetros para o ressuprimento dos estoques ou níveis mínimos e máximos?
3) Os parâmetros foram calculados a partir de conceitos estatísticos ou definidos com base no feeling?
4) A empresa utiliza conceitos ABC na gestão dos estoques?
5) Lead-times são constantemente revisados e questionados?
6) Além do controle administrativo, existe alguma ferramenta in-loco como o sistema kanban?
7) Existe um monitoramento dos no movers e slow movers?
8) O lançamento de novos produtos respeita o processo de phase-in / phase-out?
9) As rupturas são frequentes e representativas?
10) Existem indicadores para o monitoramento dos níveis de estoques?
11) A sua empresa tem trabalhado no sentido de minimizar os impactos de erros na previsão de vendas sobre o nível dos estoques?
Gestão
de Estoques
“Hoje, sabemos que uma empresa em
destaque, pronta para enfrentar fortemente a concorrência do mercado – além de
trazer à tona os problemas de todo o ciclo produtivo. Outra vantagem da gestão
eficiente é possibilitar ajustes eficazes em seu processo, resultante em
redução de custo e economia nas aquisições. O estoque tem efeito impactante no
êxito das empresas. Um dos motivos é o alto volume de dinheiro empregado”.
(MOURA)
Com base nisso, pode-se refletir
sobre a influência de uma excelente gestão de estoques para o sucesso de uma
empresa.
O primeiro e mais importante
passo a ser dado por qualquer organização é o equilíbrio no que se refere às
políticas de estoques. Gaither comenta que sempre haverá pontos de vista
conflitantes entre os diversos departamentos de uma empresa com relação ao
estoque. Para que não sejam criadas metas conflitantes (metas de venda muito
superiores à capacidade gerada pelo nível de estoques, por exemplo) é
fundamental que haja negociações e concessões na gestão de estoques.
Além disso, para tornar a gestão
de estoques eficaz, é vital que o gestor tenha acesso a informações abrangentes
e de qualidade relativas a todas as áreas envolvidas. As áreas relativas ao
gerenciamento de estoques, conforme mostra a figura 1, são:
• Compras;
• Acompanhamento;
• Gestão de armazenagem;
• Planejamento;
• Controle de produção;
• Gestão de distribuição física.
Figura 1: Atuação do Gestor de
Estoques
FONTE: MOURA, página 2.
Há alguns anos, acreditava-se que
um bom gerenciamento de estoques era aquele em que os itens eram alocados em
volume muito superior ao utilizado, favorecendo a segurança de não faltar peças
/ componentes e matérias-primas para o perfeito fluxo diário de produção.
Atualmente, sabe-se que isto é um
engano. Estoques, como parte do ativo circulante da empresa, representam
recursos que estão aguardando para se transformar em caixa. Ou seja, estoques representam dinheiro parado. E mais,
dinheiro cuja liquidez foi reduzida e o risco de obsolescência gerado.
Dentro do novo
enfoque, os gestores de estoques e/ou almoxarifes não mais apenas recebem
ordens de compra e distribuem os itens em prateleiras.
Nesta abordagem, os
responsáveis passam a ser conhecedores da trajetória de aquisições, a saber, onde
os itens são utilizados, qual a duração do ciclo de sua produção, em quanto
tempo eles são depositados na expedição, entre outras informações pertinentes à
atividade de gerenciamento.
Segundo Moura, os
estoques impulsionam, de forma correta ou não, a vida de uma empresa, e “seu
perfeito gerenciamento é o que viabiliza a empresa de se tornar competitiva”.
(MOURA).
Dimensionamento
de Estoques
De forma geral, os
gestores de estoque definem as políticas de estoques observando diversos
aspectos, dentre eles:
• Metas da empresa
quanto ao tempo gasto para atendimento ao cliente, em relação a produtos e
serviços;
• Definição da
rotatividade dos estoques;
• Definição do espaço
a ser utilizado (Central de Distribuição, sites, depósitos, armazéns, etc.) e
a lista de materiais a serem estocados;
• Qual a quantidade
satisfatória para se manter em estoque atendendo a flutuação na demanda
(alteração no consumo);
• Ponto de equilíbrio
entre comprar antecipadamente para não correr risco de falta ou comprar em
grande quantidade para usufruir descontos.
“Para gerir com
eficiência os estoques de uma organização, é necessário conhecer o capital
investido, a disponibilidade do estoque existente, o custo incorrido” (MOURA),
o lead-time, e a demanda / consumo. Somente com base no conhecimento
destas informações é possível que seja desenvolvido um planejamento consistente
com e consciente das necessidades da organização, evitando assim
desperdícios de recursos financeiros e reduzindo o risco de não atendimento da
demanda.
Para ilustrar o impacto dos
estoques sobre o lucro da empresa, é pertinente dimensioná-los no índice de
retorno de capital:
RC = LUCRO =
LUCRO x VENDA
CAPITAL
VENDA CAPITAL
O surgimento de estoques,
independente de seu tipo – matérias-primas, componentes ou produtos acabados –
e volume, tem aspectos positivos e negativos, conforme apontado por Gaither.
O
autor cita como justificativas para manter estoques:
• Custos de emissão do pedido:
cada vez que um lote de matéria-prima é comprado de um fornecedor, surge um
custo para que o pedido de compra seja processado, expedido, os registros
contábeis feitos e o pedido recebido no armazém;
• Custos de stockout: cada
vez que se fica sem estoques de matérias primas ou bens acabados, pode-se
incorrer em custos. Em termos de estoque de bens acabados, os custos de
stockout podem incluir vendas perdidas e clientes insatisfeitos (algo muito
difícil de ser quantificado financeiramente);
• Custos de aquisição: para
materiais comprados, pedir lotes maiores pode aumentar os estoques de
matérias-primas, mas os custos unitários podem ser menores por causa dos
descontos por quantidade e dos menores custos de frete e manuseio de materiais;
• Custos da qualidade na partida
(start up): quando se inicia pela primeira vez um lote de produção, o
risco de produtos defeituosos é grande.
Já
como pontos negativos à manutenção de estoques, Gaither apresenta:
• Custo de manutenção de estoques:
juros sobre a dívida, juros de renda não auferida, aluguel de armazém,
resfriamento, aquecimento, iluminação, limpeza, conserto, proteção, embarque,
recebimento, manuseio de materiais, impostos, seguro e administração são alguns
dos custos em que se incorre para segurar, financiar, armazenar, manusear e administrar
estoques maiores;
• Custos de receptividade do
cliente: grandes estoques em processo obstruem os sistemas de produção. O tempo
necessário para produzir e receber pedidos dos clientes é aumentado, e nossa
capacidade para reagir às mudanças nos pedidos dos clientes diminui;
• Custos para coordenar a
produção: uma vez que grandes estoques obstruem o processo de produção, mais
pessoas são necessárias para desembaraçar engarrafamentos, resolver problemas
de produção relacionados com o congestionamento e coordenar programas;
• Custos de redução do retorno
sobre o investimento (ROI): estoques são ativos, e grandes estoques reduzem o
retorno sobre o investimento. Um reduzido retorno sobre o investimento se soma
aos custos financeiros da empresa ao elevar as taxas de juros sobre a dívida e
reduzir os preços das ações;
• Custos da capacidade reduzida:
estoques representam uma forma de desperdício. Materiais perdidos, guardados e
produzidos antes que sejam necessários desperdiçam capacidade de produção;
• Custos da qualidade de lotes
grandes: produzir grandes lotes de produção resulta em grandes estoques. Em
raras ocasiões, algo sai errado e uma grande parte de um lote de produção tem
defeitos. Nessas situações, tamanhos de lote menores podem reduzir o número de produtos
com defeito;
• Custos de problemas de
produção: estoques em processo mais elevados camuflam os problemas de produção
subjacentes. Problemas como quebras de máquina, má qualidade de produto e
escassez de materiais nunca são resolvidos.
Ainda que diversos aspectos
estejam relacionados ao nível de atendimento ao cliente ou à sua satisfação com
o atendimento recebido, todos eles podem ser encarados como custos. Esta
abordagem, utilizada por toda a literatura pesquisada, viabiliza análises
comparativas, no sentido de que todas as questões envolvidas na gestão de
estoques são quantificados financeiramente.
Menores
estoques trarão ainda resultados positivos disseminados em diferentes áreas:
- menos
espaço requerido, logo um armazém menor e mais limpo;
- menos manutenção e manuseio, diminuindo probabilidade de quebras e avarias, e ainda menos gastos com pessoal;
- menor obsolescência, giro mais rápido, estoques mais novos;
- menos riscos frente às flutuações de preços, para citar algumas vantagens.
- menos manutenção e manuseio, diminuindo probabilidade de quebras e avarias, e ainda menos gastos com pessoal;
- menor obsolescência, giro mais rápido, estoques mais novos;
- menos riscos frente às flutuações de preços, para citar algumas vantagens.
No
entanto, antes de gastar mais dinheiro em algo que deveria economizar dinheiro,
comece pelo simples. Reconecte-se com seus clientes, conhecendo suas práticas
de estocagem e de compras, e os influenciando para adaptarem-se àquilo que lhe
convém, com frequência, frete, preços diferenciados. Com custo quase nulo, pode
surtir efeitos muito interessantes. Focando
nestes itens, você poderá diminuir os estoques mantidos, melhorar o fluxo de
produtos e com isso diminuir seus custos de operação e aumentar o capital
circulante.
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