A
ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços
competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e que tragam qualidade de
vida, ao mesmo tempo em que ocorre a busca da redução progressiva do impacto
ambiental e do consumo de recursos ao longo do ciclo de vida até um nível, no
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra.
As
empresas ecoeficientes são aquelas que conseguem benefícios econômicos –
rapidez em seus processos e qualidade de seus produtos, com redução nos custos
associados aos desperdícios de água, energia e materiais – à medida que
alcançam benefícios ambientais por meio da redução progressiva da geração de
resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, inserindo em seu
processo gerencial o conceito de prevenção da poluição e de riscos
ocupacionais.
Entretanto,
o conceito de ecoeficiência ainda tem sido pouco aplicado no setor industrial,
comercial e é pouco difundido no setor de serviços. Nota-se cada vez mais o
interesse de vários estabelecimentos na participação em programas de qualidade,
mas raramente ocorre a preocupação com o controle da geração de desperdícios,
pois, os mecanismos que enfocam a prevenção da poluição e a não-geração de
resíduos e efluentes ainda são preteridos aos sistemas de tratamento ou
disposição final.
Implantação
da ecoeficiência
Em
um programa de ecoeficiência o processo de produção é permanentemente
monitorado e são identificadas todas as fontes de uso de água, energia e
materiais, em que poderão estar ou não ocorrendo desperdícios ocultos, com consequente
aumento no gasto de água e energia e incremento na geração de resíduos sólidos,
efluentes líquidos e emissões atmosféricas.
Esses
desperdícios estão relacionados a fatores como problemas operacionais,
qualidade de materiais e à falta de procedimentos e de treinamento adequado das
equipes.
Após
a identificação dos desperdícios, é realizado um balanço de massa e energia em
que são quantificadas todas as entradas (água, energia, matérias-primas,
auxiliares e insumos) e todas as saídas (efluentes líquidos, resíduos sólidos e
emissões atmosféricas) de cada etapa do processo. Por esse balanço os
desperdícios referentes a cada etapa do processo podem ser quantificados e
analisados economicamente.
De
acordo com cada situação, modificações para a eliminação desses desperdícios
podem ser sugeridas, havendo desse modo influência direta nos custos relativos,
com obtenção não só de benefícios ambientais, mas também, de benefícios
econômicos para a empresa.
Benefícios
da ecoeficiência
Várias
são as vantagens proporcionadas pela implantação da ecoeficiência, como:
minimização dos danos ambientais, reduzindo os riscos e responsabilidades
derivadas; promoção de condições ótimas de segurança e saúde ocupacional; melhoria
da eficiência e competitividade, favorecendo a inovação; melhoria da imagem e
do relacionamento com os órgãos ambientais e com a comunidade etc.
Deve-se
destacar, também, que além dos benefícios econômicos e ambientais, a
implantação do conceito de ecoeficiência nas empresas melhora as condições do
ambiente de trabalho, trazendo benefícios para as condições de segurança e de
saúde ocupacional.
Ecoeficiência
e o fator humano
A
capacitação dos profissionais é de extrema importância dentro da concepção da
ecoeficiência, uma vez que um dos instrumentos fundamentais para a redução dos
desperdícios consiste no treinamento e na conscientização dos técnicos quanto à
influência de seus procedimentos para a diminuição da geração de efluentes e
resíduos sólidos.
A
ecoeficiência preconiza a valorização do fator humano e destaca a importância
de formar profissionais com uma visão mais ampla sobre as questões ambientais
da atualidade, despertando seu interesse e estimulando sua participação nos
programas de qualidade ambiental das unidades de saúde. Além das questões ambientais,
o conhecimento sobre os custos associados ao uso de materiais e insumos e ao
seu tratamento após uso pode despertar uma maior conscientização, diminuindo o
seu uso inadequado ou descontrolado. A expectativa é que profissionais de todos
os níveis, conscientes de sua importância, sejam mais participativos e se
tornem peças fundamentais no sucesso dos programas relacionados às demandas legais
e de qualidade que estejam ocorrendo em suas empresas.
Considerações
finais
A
visão moderna da tentativa de eliminação ou pelo menos de redução na geração de
resíduos e efluentes tem sido uma preocupação constante das empresas sediadas
em países desenvolvidos. Todavia, no Brasil, a eficiência nos processos de
produção ainda tem sido implantada com certa resistência, apesar do interesse
crescente nessa questão demonstrado no aumento da participação de muitos
segmentos em programas ecoeficiência.
A
implantação da ecoeficiência no setor industrial e nas empresas tem sido divulgada
como uma importante ferramenta para a própria questão de competitividade de
mercado. Os estabelecimentos ainda não descobriram ou não demonstraram
interesse no uso dessa ferramenta: talvez pela falta de informação ou pela
necessidade de participação efetiva de grande parte dos funcionários; talvez
pela necessidade de uma análise e monitoramento do seu processo; talvez pela
desconfiança em uma proposta nova. A necessidade de implantação do
gerenciamento adequado dos resíduos já tem merecido uma atenção maior, mas o
enfoque dado à disposição final ainda continua sendo a opção mais frequente.
Contudo,
em breve o grande desafio das empresas brasileiras com relação à geração de
seus resíduos não se limitará apenas à reciclagem, tratamento ou destinação
final adequada desses resíduos. Será preciso implantar, cada vez mais, o
conceito da não-geração e redução da geração de resíduos na sua origem, não só
porque eles identificam perdas e desperdícios, mas também pelas inerentes
questões de competitividade de mercado, redução de custos, demandas legais,
conscientização da população e preservação ambiental.
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