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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Redução de Custos - Canteiro de Obras - Perdas de Materiais

Antes da discussão dos índices de perdas e consumos de materiais, é necessário que se estabeleça a que fases da “vida” do empreendimento tais resultados se referem. Nesse sentido, convém inicialmente notar que o consumo excessivo de materiais pode ocorrer em diferentes fases do empreendimento (Tabela 1): concepção, execução ou utilização.


Tabela 1 – Diferentes fases de um empreendimento e a ocorrência de perdas de materiais

 
Pode-se citar, quanto à concepção, o caso de um projetista estrutural não explorar adequadamente os limites que o conhecimento atual permite e gerar, assim, uma estrutura com consumo de concreto por metro quadrado de obra muito elevado. O mesmo pode ocorrer quando a definição do traço para a argamassa de contrapiso leva a um consumo desnecessariamente alto de cimento.

No caso da execução, são várias as fontes de perdas possíveis: no recebimento, o material pode ser entregue em uma quantidade menor que a solicitada; blocos estocados inadequadamente estão sujeitos a serem quebrados mais facilmente; o concreto, transportado por equipamentos e trajetos inadequados, pode cair pelo caminho; a não obediência ao traço correto da argamassa pode implicar sobreconsumos na dosagem dela (processamento intermediário); o processo tradicional de aplicação de gesso pode gerar uma grande quantidade de material endurecido não utilizado.

No caso da fase de utilização do empreendimento, por exemplo, a repintura precoce de uma fachada pode representar um consumo de tinta maior que o esperado.

Convém, portanto, ao se discutirem perdas de materiais, entender qual a abrangência em que essas perdas serão abordadas. Nesta pesquisa, foram focadas as perdas que ocorrem especificamente dentro do canteiro de obra, isto é, associadas à fase de execução do empreendimento.

Da mesma forma, o desempenho no uso de materiais nos canteiros de obra pode ser analisado segundo dois tipos de abordagem:
- calculando-se o seu consumo por unidade de serviço (por exemplo, 15 kg de cimento por metro quadrado de contrapiso); ou
- calculando-se o valor de suas perdas (por exemplo, ao se considerar que o consumo teoricamente necessário de cimento para o contrapiso é de 10 kg, o consumo indicado no exemplo anterior levaria a uma perda de 50%, isto é, teria havido um consumo adicional de 5 kg de cimento em relação aos 10 kg definidos como necessários).

Nota-se, portanto, que o cálculo do valor da perda carece de uma definição prévia de uma referência considerada como perda nula. Reside aqui a dificuldade de se uniformizarem os diferentes números citados na matéria, já que diferentes referências são adotadas para representar o consumo mínimo necessário.

Outra dificuldade encontrada é quanto à definição da unidade através da qual se medem as perdas. Assim, uma perda de 10% em volume de areia, contida por exemplo em argamassas que endureceram e viraram entulho, pode ser bastante significativa sobre o ponto de vista da quantidade de material que terá de ser retirada da obra, e do espaço necessário para a deposição dele (gerando prejuízos ao meio ambiente). Tais perdas, no entanto, podem não ter a mesma significância se expressas em termos financeiros, pelo empreendedor, em comparação com todos os outros gastos inerentes ao negócio imobiliário. Há, portanto, que se deixar sempre clara a unidade na qual se está mensurando as perdas: física (volume ou peso) ou financeira.

Há que se perceber também a existência de perdas que saem da obra como entulho e aquelas que ficam incorporadas à obra (como, por exemplo, na forma de sobreespessuras de revestimentos).

Finalmente, deve-se ressaltar que a parcela a ser considerada desperdício físico de materiais depende, para sua definição, de uma avaliação custo–benefício quanto às perdas detectadas.

Nesta pesquisa, foram focadas as perdas físicas de vários materiais, tendo-se sempre como referência (ou consumo representativo de perda nula) as prescrições de projeto. Por exemplo, no caso do concreto usado nas estruturas, o consumo seria aquele apropriado na “cubagem” a partir da planta de formas. No caso do cimento usado no revestimento de parede interna, o consumo real de cimento é confrontado com aquele calculado a partir da espessura de revestimento planejada e do traço da argamassa preconizado pela construtora. Portanto, não se está fazendo análise das especificações, mas detectando-se os consumos que excedem os especificados. Cabe ainda ressaltar que, conforme anteriormente citado, ao se levantar as perdas físicas totais, os números mostrados representam uma soma das perdas que saem (entulho) com as que ficam incorporadas. Tais perdas não são totalmente evitáveis, carecendo-se de uma análise adicional para definir qual parcela da mesma poderia ser considerado desperdício.

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